Grupo em Defesa da Diversidade Afetivo-Sexual

segunda-feira, 16 de abril de 2012

PARA DEBATER E REFLETIR - VEJA O TRABALHO DE PESQUISA NA ÁREA DE SAÚDE MENTAL DA HISTORIADORA:

Cláudia Freitas de Oliveira
Membro do Instituto Praeservare
GT História da Saúde e das Doenças (ANPUH-CE)

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DIVAS

(Andréa Lima)

Deixe a menina aparecer,
se colorir, se revirar e extenuar-se de avessos,
loucuras, orgasmos e mistérios.
Deixe a menina, deixe a mulher,
que elas se transformem em estradas,
que saiam das entrelinhas, rasguem seus casulos,
quebrem muros, saiam dos quadrados,
cortem os asfaltos com seus pés de fada,
com seus pés de dama,
com suas garras de onça.
E elas sangram, elas se doam,
choram, viram luzes, estrelas, DIVAS e correntezas.

Vai menina, ser nítida,
palavras, fogo e arco-íris na vida!
Vai amar a poesia, a alma feminina,
vai ser essa escrita que se fabrica na luta,
na dor, na lida, nos beijos e desejos seus.
Tornar-se fel e depois se derramar de doçuras,
viver o que tem vontade de ser.
Ide, cara senhora, tingir de lilás o nosso céu.
Sai destas frestas, voa mulher,
dirige esse vagão,
se permita sair dos trilhos,
deixe que vejam seus brilhos,
suas risadas, sua emoção.

Descasque-se, vire esse mundo,
rompa couraças, se desabroche,
pois é hora de ir à forra,
deixar os guetos, sair dos quartos.
Te expõe, se mostra,
ela e a vida te esperam lá fora...
Vai às ruas te exibir, falar da tua agonia,
do teu dia-a-dia,
da necessidade da alforria,
do seu despir, amar, sentir,
do seu inventar.
Menina, pega Maria pela mão
e vai amá-la com liberdade,
no clarão de um dia de sol,
no alvorecer da diversidade.

"RECANTO DA PAZ"

Entre mulheres
cabe o amor dançando
ou qualquer coisa libidinosa,
chuva grossa
ou simples prazer de endoidecer
de bocas,
entre pernas
entreabertas
por elas, elas, elas...
E você, recato macho?
Não tem, não vai ter, não teve
espaço!
Pois, aqui, no topo da serra
algum tormento se encerra.
É nascente, é multicor
alguma paz:
Cachoeira!
Quimera minha (nossa)
ainda resta,
vivente sobre a solidão de ontem.
Mas esta pra nada presta!
Vou apenas beijá-la
dentro do ônibus lotado,
sem pedir licença,
porque somos mulheres
cuja influência Liberdade
orienta!
Então, repetidamente,
te visito,
como fera,
bela na lembrança de uma casa
(árvore de galhos abertos dançantes)
onde reinam colibris
livres
como nossas passadas.
Só que acabou por hoje a fantasia
e, em mim, amanhã
também é teu o passavas,
meu suor,
o que arde
quando tu passastes:
O toque, o cheiro, o gosto
de pele, principalmente,
a presença ausente
como a cidade
e seus motores rangendo
frenéticos, fugazes...
Como batidas (desditas),
corações e suas disritmias;
corpos destemperados;
paixões sem horários
num quarto-mulher
com mulhermil
num vil
Brasil de luta
num mundo ainda longe
de orgasmos múltiplos
e toda a força bruta
e calma muita
que tudo continua depois
e dá-se um jeito nos bois
(por matar)
e pede-se abrigo às deusas
fora do (L)ar
e sobra ainda bagunça
e lugar-nenhum
com ares ofegantes;
mas se persiste
sem ui, sem ai...
Dedo em riste!
Louco,
mas meu verdadeiro recanto
de paz!

Yasmim Nóbrega